Mães denunciam assédio contra filhas em escola e descaso da direção; polícia apura

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Reprodução/GD

Um grupo de mães de alunas da Escola Estadual Souza Bandeira, em Cuiabá, denuncia que as filhas têm sido assediadas sexualmente por um colega de classe, de 14 anos, e cobra providências da direção da escola e das autoridades. Conforme denúncia, ao menos 10 meninas já teriam sido alvos do menor, entre toques indesejados nas partes íntimas, apertos, e gestos de cunho sexual, além de comentários constrangedores. A direção da instituição foi comunicada e boletins registrados junto a polícia.

Os casos têm sido registrados formalmente pelas mães desde a semana passada, contudo a denúncia foi feita ao Gazeta Digital após encontrarem falta de atitude por parte da escola, que sequer suspendeu o menor, mesmo diante do volume de queixas.

Os familiares alegam inércia da parte da coordenação e direção da escola. Um dos boletins de ocorrência narra que a filha vem sendo assediada pelo menor L.G. S., que costuma apalpar as pernas da garota, segurar seu pescoço simulando enforcamento, além de tocar em seu rosto como se fosse desferir um tapa. Em outra ocasião ele ainda teria sentado no local da garota e feito movimento sugestivos, sem seu consentimento.

A mãe ainda informa que já foi até a escola tomar providências e tentou falar com os coordenadores e com a assistente social. No local, ficou em choque ao saber que o ocorrido não era um caso isolado e ao menos outras 10 alunas da mesma turma relataram ter passado por situações semelhantes envolvendo o mesmo aluno. Além disso, os relatos não são só recentes, mas registrados há meses.

De acordo com a mãe, os responsáveis pela direção escolar informaram que não podem expulsar o aluno, pois é necessário um “procedimento interno”. Foi citado ainda que o estudante foi transferido para outra turma e chamados os pais até a escola. Ao saber da ida da mãe da garota à unidade, o rapaz ainda teria ameaçado a vítima novamente por meio de aplicativo de mensagens.

Outra mãe relata situação semelhante no registro de ocorrência. Ela cita que a filha contou que o rapaz passou a mão em suas partes íntimas sem seu consentimento, além de apertar braços, cintura, pescoço e ainda afirmou que colocaria a jovem “para mamar” e que “bate na cara das putas”. Ao reclamar na direção da escola, a mãe conta que a servidora tratou a situação “com descaso”, o que motivou o registro do boletim de ocorrências.

Um terceiro registro obtido pelo Gazeta Digital mostra denúncia de outra vítima, que também contou à mãe que o rapaz passa a mão em suas partes íntimas sem seu consentimento, mesmo pedindo para parar. Na ocorrência também há o relato de descaso por parte da direção.

Ao Gazeta Digital, a mãe de uma das meninas conta que, quando foi à escola tomar providências sobre o caso, soube que o garoto já tem registros anteriores por essa prática desde o ano passado. A mulher relata ainda que está revoltada com a situação e que, apesar disso, a garota tem ido à escola para não perder a frequência escolar e ser prejudicada, mas ela e o esposo orientaram a filha a não ficar mais sozinha, a fim de evitar novos ataques.

Para a reportagem, outra mãe relata que fez todos os procedimentos, como ir à escola e registrar o boletim de ocorrências, mas os educadores falaram que a situação foi levada ao Conselho Tutelar e informada que “precisam aguardar”. Ela ainda cita que o rapaz tem direcionado olhares intimidadores para as meninas que o denunciaram e que tão somente trocaram o jovem de turma.

Ela ainda conta que soube que o jovem não assedia somente as meninas, mas também outros meninos em tom de “brincadeira” e já teria inclusive mordido outros colegas.

“A assistente social, quando fui buscar atendimento, em tom de sarcasmo, tentou, juntamente com o coordenador, transformar a situação, como se fosse um simples toque nas mãos da minha filha. E não, não estamos diante de um toque nas mãos. Depois que estive lá, informei que isso não iria ficar escondido, pois a postura da escola é deixar tudo em silêncio. Semanas antes, esse mesmo menor, esteve envolvido em uma briga dentro da escola que culminou no encaminhamento de um menino para o hospital, mas abafaram o caso”, denuncia.

A mãe narra que, diante da situação, outras meninas não têm se sentido desencorajadas a denunciar, pois não vem providências reais sendo tomadas sobre a situação. Ela conta que desde então a filha tem faltado às aulas por medo, não consegue dormir e se alimenta mal, além de estar fazendo acompanhamento psicológico.

A reportagem do Gazeta Digital entrou em contato com a Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso (Seduc-MT) e questionou sobre quais medidas serão tomadas em relação aos fatos narrados. Até o momento não obteve retorno. Espaço segue aberto. (Gazeta Digital)