Três adolescentes foram apreendidas em Primavera do Leste (MT) após passarem trotes utilizando o chamado “código da pizza”, que é um recurso real usado por mulheres em situação de violência doméstica para pedir ajuda de forma discreta. O caso ocorreu nessa sexta-feira (15), no bairro Primavera III, e mobilizou equipes da Polícia Civil e Militar durante horas.
De acordo com a Polícia Civil, as adolescentes, que são amigas, ligavam para o número de emergência 197 e simulavam estar em perigo. Para isso, usavam a tática de “pedir uma pizza” ao atendente, como se fosse uma vítima tentando avisar discretamente que estava sob ameaça dentro de casa.
O chamado, que é levado extremamente a sério pelas forças de segurança, gerou grande movimentação de equipes que deixaram outros atendimentos para socorrer as supostas vítimas.
Prejuízo para o serviço público
Os trotes retardaram procedimentos envolvendo presos em flagrante e chegaram a ocupar as linhas de emergência, impedindo que denúncias reais fossem recebidas. Além disso, tanto a Polícia Civil quanto a Polícia Militar foram deslocadas de forma desnecessária, consumindo combustível, viaturas e tempo de equipes.
Após rastrear as ligações, a polícia conseguiu localizar e apreender as adolescentes. Elas foram levadas até a delegacia, onde passaram por todos os procedimentos legais cabíveis. O caso acendeu alerta sobre a gravidade desse tipo de prática, que pode atrapalhar atendimentos urgentes e colocar vidas em risco.
O que diz a lei sobre trote em serviços de emergência
Passar trote para serviços de emergência no Brasil é considerado crime, conforme o Código Penal. A pena prevista é de detenção de um a seis meses ou multa, já que o ato se enquadra como falsa comunicação de crime.
Especialistas lembram que, além de crime, o trote pode custar caro à sociedade. Ao mobilizar equipes em situações inexistentes, ele impede que policiais, bombeiros ou socorristas atendam chamados verdadeiros, que podem envolver desde acidentes graves até tentativas de homicídio.
“Código da pizza” em contexto real
O recurso de pedir pizza em uma ligação de emergência se tornou conhecido em vários países como uma forma discreta de pedir ajuda em casos de violência doméstica. Muitas vezes, a vítima não pode falar diretamente que está em perigo, mas consegue indicar o problema por meio desse código.
No entanto, especialistas alertam que banalizar esse recurso com falsos chamados compromete sua eficácia e pode levar atendentes a duvidarem de pedidos legítimos no futuro.
Como denunciar violência doméstica
Se você sofre de violência doméstica, quebre o silêncio e denuncie. Veja como:
Telefones para denúncia em MT
- Disque 180 (Central de Atendimento à Mulher)
- Atendimento 24h, gratuito e anônimo.
- Recebe denúncias, orienta e encaminha para a rede de proteção.
- Disque 190 (Polícia Militar)
- Para situações de emergência ou flagrante.
- Disque 197 (Polícia Civil)
- Para denúncias e informações complementares sobre casos em investigação.
Presencialmente
- Delegacias Especializadas de Defesa da Mulher (DEDM)
- Existem unidades em Cuiabá, Várzea Grande e outros municípios do estado.
- Endereços podem ser consultados no site da Polícia Civil de Mato Grosso.
- Delegacias de Polícia Civil (em cidades sem DEDM)
- Qualquer delegacia pode registrar boletim de ocorrência por violência doméstica.
Aplicativos
- Proteja Mulher (MT)
- Aplicativo da Polícia Judiciária Civil que permite solicitar ajuda e acompanhar medidas protetivas.
- Disponível para Android e iOS.
- SOS Mulher
- Aplicativo nacional que permite acionamento rápido da PM em casos de risco iminente (em alguns estados).
Outros canais de apoio
- Ministério Público de Mato Grosso
- Recebe denúncias e acompanha casos de violência doméstica.
- Site: www.mpmt.mp.br
- Defensoria Pública de Mato Grosso
- Oferece apoio jurídico gratuito para vítimas.
- Site: www.defensoria.mt.def.br
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