Trump discutiu asilo a Bolsonaro e proteção contra Interpol

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O jornalista brasileiro Paulo Figueiredo, denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) no âmbito da trama golpista e articulador de sanções do Governo Donald Trump, declarou, na última quarta-feira (15), em uma transmissão ao vivo junto com Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que a Casa Branca consultou a dupla sobre a possibilidade de um asilo nos Estados Unidos e proteção contra a Interpol a Jair Bolsonaro e o filho deputado.

A consulta, segundo Eduardo e Figueiredo, ocorreu em uma reunião no Departamento de Estado, em Washington, nesta semana, mas a hipótese foi descartada.

Segundo Figueiredo afirmou nesta manhã à equipe da coluna, a sugestão tinha a ver com ideia de tentar que o Brasil oferecesse algum tipo de acordo a Bolsonaro.

O ex-presidente, que está com o passaporte apreendido desde março de 2024, foi alvo de operação da Polícia Federal (PF) nesta sexta-feira e terá que usar tornozeleira eletrônica por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que viu risco de fuga do país.

Segundo Figueiredo, o motivo de terem recusado o asilo de Trump foi a aposta em uma anistia “ampla, geral e irrestrita” ao ex-presidente e apoiadores investigados pelos ataques do 8 de janeiro e outros inquéritos contra bolsonaristas no STF.

“Tinha oito pessoas do Departamento de Estado, mas [também] tinha uma pessoa da Casa Branca especificamente na reunião. E ela virou e falou assim: ‘se fosse oferecido algum acordo de liberdade para o seu pai para ele vir para os Estados Unidos exilado e a gente livrasse vocês dois [Jair e Eduardo] de Interpol?’”, relatou Figueiredo.

“Fora de cogitação”, comentou Eduardo, ao confirmar a sugestão do governo americano.

Entre as cautelares solicitadas pela PF e autorizadas pelo ministro Alexandre de Moraes está a proibição de que Bolsonaro, que mora em Brasília, se aproxime de embaixadas e se comunique com embaixadores.

Os agentes encontraram ao menos US$ 14 mil na casa do ex-presidente.

No ano passado, após ter o passaporte apreendido na operação Tempus Veritatis da PF, o ex-presidente chegou a passar duas noites na embaixada da Hungria na capital federal, como revelou o jornal New York Times.

O país europeu é governado há 15 anos por Viktor Orbán, aliado próximo de Bolsonaro.

A decisão de Moraes foi tomada no âmbito do inquérito que apura se Eduardo Bolsonaro cometeu os crimes de coação no curso do processo, obstrução à Justiça e ataque à soberania nacional.

Conforme mostrou O Globo, a representação da PF também identificou risco de fuga do país.

O ex-presidente também está proibido de se comunicar com Eduardo, não poderá sair de Brasília e terá horário .

Em entrevista coletiva, ele afirmou que jamais cogitou deixar o país ou se refugiar em embaixadas e disse estar submetido a uma “suprema humilhação”. Declarou ainda que “sempre guardou dólar em casa”.

OFENSIVA DE TRUMP – Trump deflagrou uma ofensiva contra o Brasil na semana passada ao acusar o Judiciário do país de promover uma “caça às bruxas” contra Bolsonaro.

O republicano reiterou a narrativa na terça-feira e, no dia seguinte, anunciou um tarifaço de 50% sobre os produtos brasileiros.

O ex-presidente brasileiro é réu no STF no âmbito da trama golpista, tendo sido denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e indiciado pela PF.

Na carta divulgada pelo presidente dos EUA, a retaliação foi justificada com base na suposta perseguição ao aliado brasileiro no que chamou de “ataques insidiosos do Brasil às eleições livres”, em referência à inelegibilidade de Bolsonaro; em ações do Supremo que afetam interesses das big techs e o inexistente déficit comercial entre Washington e Brasília.

Na última quinta, Trump divulgou uma carta na qual voltou a atacar o julgamento de Bolsonaro no STF e disse que estará “acompanhando de perto” os desdobramentos do caso. (Diário de Cuiabá)