‘Gigante do agro’ procura prefeitura e nega grilagem de área no aeroporto em Cuiabá

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O prefeito de Cuiabá, Abílio Brunini (PL), parabenizou publicamente o Grupo Bom Futuro por ter procurado a Prefeitura para prestar esclarecimentos sobre a polêmica envolvendo a instalação do aeroporto da empresa na capital. O empreendimento, que tem investimento estimado em R$ 100 milhões, é alvo de investigação do Ministério Público do Estado de Mato Grosso (MP-MT) por suposta ocupação de áreas públicas e de preservação ambiental.

Em publicação nas redes sociais, Brunini afirmou que representantes do grupo estiveram no gabinete municipal nesta terça-feira (1º) e apresentaram ofícios assinados durante a gestão anterior, sob o comando de Emanuel Pinheiro (MDB). Segundo ele:

“Me apresentaram ofícios da gestão passada e estamos analisando como proceder sobre a área instalada. Isso é uma boa demonstração de que desejam fazer tudo corretamente para garantir o desenvolvimento de Cuiabá.”

De acordo com o prefeito, a atual administração está analisando a documentação entregue para definir os próximos passos. Apesar do tom cordial, Brunini já havia feito duras críticas à instalação do empreendimento.

Durante entrevista, ele revelou que a Prefeitura possui imagens e dados cadastrais que indicam que o aeródromo foi construído sobre duas ruas públicas, localizadas no bairro Ribeirão do Lipa, zona rural da capital: “Nosso sistema da Prefeitura mostra que eles estão em cima de duas vias públicas nossas — ruas nossas que foram invadidas para colocar o aeroporto lá. Nós vamos agir na mesma medida, pedindo para que aquele brilhante, lindo, maravilhoso aeroporto saia de lá, porque ele está em cima de uma via pública.”

O caso está sendo apurado pelo Ministério Público, que instaurou um inquérito civil para investigar se o aeroporto do grupo invadiu áreas de preservação permanente e terrenos públicos pertencentes a um antigo loteamento urbano. Segundo o órgão, cerca de 15 hectares de terras públicas e reservas legais teriam sido incorporados de forma irregular ao projeto privado.

O Grupo Bom Futuro, um dos maiores conglomerados do agronegócio brasileiro — controlado por membros da família Maggi Scheffer —, nega qualquer irregularidade. Em nota à imprensa, a empresa afirma que possui decisões judiciais favoráveis ao uso da área e que o próprio município já teria se manifestado judicialmente informando não ter interesse nas terras em disputa.

O novo Terminal Luzia Maggi Scheffer, inaugurado em maio deste ano pelo grupo, foi projetado para atender voos da aviação executiva e poderá futuramente operar rotas comerciais. A estrutura conta com pista asfaltada de 1.800 metros, pátio para aeronaves, hangares, estacionamento e uma área de embarque de alto padrão. (Folhamax)