Vereador de Cuiabá se envolve em acidente com morte de idoso; vídeo

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Foto: Reprodução/Folhamax

O Ministério Público Estadual (MPE) ainda aguarda a conclusão do inquérito policial que apura o acidente de trânsito que resultou na morte do idoso Benedito Estevam da Silva, de 79 anos, em Cuiabá. O fato ocorreu no dia 19 de janeiro de 2024, no cruzamento da Avenida Dom Bosco com a Rua Joaquim Murtinho, no centro da capital. Após um ano e cinco meses, a corporação ainda não finalizou as investigações sobre o caso.

O veículo envolvido era conduzido pelo vereador Dídimo da Silva Rodrigues, conhecido como Dídimo Vovô (PSB). Imagens de câmeras de segurança mostram que a vítima, que pilotava uma motocicleta Honda Bis, atravessou o cruzamento com o semáforo fechado.

Na sequência, foi atingido pela caminhonete Fiat Toro, dirigida pelo vereador, que seguia com o sinal verde e estaria ao telefone celular, conversando com a ex-esposa. O idoso chegou a ser socorrido pelo Samu, foi internado no Hospital Municipal de Cuiabá (HMC) e passou por cirurgia, mas não resistiu aos ferimentos e faleceu dois dias depois.

A filha de Benedito lamenta que, desde o acidente, nenhum contato ou apoio tenha sido prestado pelo vereador. Ela afirma que, nem no hospital, nem após a morte do pai, houve qualquer manifestação de solidariedade por parte dele.

“Já se passou mais de um ano e o vereador sequer procurou a família. Um simples ‘como vocês estão?’ teria feito a diferença. A dor é enorme, e a ausência de respeito é ainda maior. Aquele era o caminho que ele sempre fazia para casa, por ter menos trânsito”, desabafou a mulher em entrevista ao Programa do Pop, da TV Cidade Verde, nesta segunda-feira (23).

“Ninguém procurou, ninguém falou nada. Ele ficou lá dias sofrendo, porque eu acho que, lá no hospital, houve negligência. Não deram a atenção que deveriam ter dado”, denunciou. Procurado pela emissora de televisão, Dídimo Vovô gravou um vídeo para prestar esclarecimentos.

“Infelizmente, veio uma moto com o sinal fechado na Dom Bosco e colidiu com meu carro”, afirmou o vereador. Ele também relatou que prestou socorro: “Parei o carro, liguei para o Samu, esperei o atendimento e ainda consegui contato com a filha dele. Falei para ela que o pai estava sendo levado para o HMC e que, se precisasse, poderia me acionar”, disse.

Dídimo negou que tenha se omitido, mas reconheceu que, após as primeiras tentativas de contato, não voltou a falar com a família. “Eu liguei na hora, no mesmo dia, mas depois não tive retorno. Só fui saber da morte dele dias depois”, justificou.

Guerra de versões

A versão do vereador, no entanto, é contestada pela própria ex-esposa, que prestou depoimento à polícia. Segundo ela, Dídimo teria admitido, logo após o acidente, que usava o celular enquanto dirigia e que isso contribuiu para não perceber a aproximação da moto.

“Ele estava falando no celular e aí disse que, de repente, a moto apareceu na frente e ele ficou bem desesperado. Me ligou na hora. A gente já estava separado, mas temos um bom relacionamento. Ele me ligou na hora, eu até perguntei se queria que eu fosse lá ajudar, prestar socorro, e ele falou que não, que havia entrado na Câmara e deixado para o pessoal dele resolver o problema”, diz trecho do depoimento da ex-mulher do vereador.

Apesar disso, o vereador manteve sua agenda na Câmara no mesmo dia, participando normalmente das reuniões e sessões, conforme relatado no inquérito.

O Ministério Público confirmou que o inquérito segue em andamento na Polícia Civil. A corporação requisitou novas oitivas para esclarecer todos os pontos da ocorrência antes de decidir se oferece ou não denúncia contra o vereador. (Folhamax)