O presidente do Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso (TCE-MT), conselheiro Sérgio Ricardo, fez duras críticas ao sistema de radares utilizado em Cuiabá. Segundo ele, há fortes indícios de que a empresa responsável pelos equipamentos esteja utilizando inteligência artificial para gerar infrações de trânsito de forma irregular — inclusive com casos de duplicação de multas.
“Recebo diversas denúncias de multas aplicadas em duplicidade e outras que sequer aconteceram. A empresa usa dados do Detran, sabe onde o motorista mora, por onde ele passa, e começa a produzir infrações em série. Isso é uma indústria da multa disfarçada de tecnologia”, alertou o conselheiro, em entrevista nesta terça-feira (20).
Diante da gravidade das suspeitas, Sérgio Ricardo anunciou que o TCE irá abrir uma auditoria para investigar todo o sistema de fiscalização eletrônica de trânsito na capital mato-grossense. Ele apontou ainda que os equipamentos operam sem qualquer controle técnico por parte do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), o que, segundo ele, favorece possíveis abusos.
“Esses aparelhos não têm fiscalização nem certificação regular. É um sistema sem transparência e sem norma. O tribunal vai entrar nessa história e descobrir o que está por trás desses contratos”, afirmou.
O tema voltou ao centro do debate após o prefeito de Cuiabá, Abilio Brunini (PL), anunciar na semana passada que pretende retirar boa parte dos radares da Avenida Tenente Coronel Duarte, a popular Prainha. Segundo o gestor, os dispositivos só servem para engarrafar ainda mais a região central da cidade e o contrato com a empresa operadora está perto do fim.
Abilio também cobrou providências do Inmetro. “Precisamos saber quando foi feita a última vistoria nesses radares. Há anos isso não é feito, e é inadmissível que equipamentos tão sensíveis não passem por nenhuma checagem técnica”, criticou.
A expectativa é que, com o fim do contrato atual, a Prefeitura abra nova licitação com critérios mais rígidos. Enquanto isso, o TCE promete intensificar o monitoramento sobre o uso da tecnologia nos radares e o eventual uso indevido de inteligência artificial para punir condutores de forma indevida. (O Documento)