O Tribunal do Júri da comarca de Tangará da Serra (a 256 km de Cuiabá) condenou os réus Gilberto Alves de Oliveira Junior, vulgo “D’Glock”, e Adão Silva Monteiro, conhecido como “Mago”, membros do Comando Vermelho (CV) na cidade, a 55 anos de prisão pela execução de Jusselia de Aparecida dos Santos, em fevereiro de 2023. A dupla foi condenada pelos crimes de homicídio qualificado, corrupção de menor, coação no curso do processo e por integrar organização criminosa.
De acordo com a denúncia do Ministério Público, Gilberto liderava o CV em Tangará da Serra e, visando à disputa por território e lucro, a organização decidiu matar integrantes da facção rival Primeiro Comando da Capital (PCC), que também comercializam drogas na região — entre eles, Helrique Franquillin de Oliveira Mello Gonçalves.
Conforme as investigações, no dia 14 de fevereiro de 2023, Adão, a mando de Gilberto, um adolescente e uma terceira pessoa não identificada foram até o bar de Jusselia, que era namorada de Helrique, a fim de atraí-lo até o local para uma emboscada.
Ao chegarem ao bar, em posse de armas de fogo e facas, eles renderam Jusselia e usaram o telefone celular dela para enviar mensagens a Helrique, pedindo que ele fosse até o local. Entretanto, Helrique não compareceu, fato que levou à instauração de uma espécie de “tribunal do crime” e, por meio de chamada de vídeo, Jusselia foi “condenada à morte” por Gilberto, que ordenou sua execução.
Segundo o MP, Adão e o adolescente desferiram um golpe violento no rosto da vítima, causando-lhe intenso sofrimento, em evidente sinal de tortura. Com Jusselia agonizando caída no chão, eles desferiram mais golpes que atingiram o pescoço e as costas da vítima, levando-a a óbito, conforme laudo de necrópsia.
Os executores ainda realizaram um vídeo e fotos que demonstram a crueldade e a tortura contra a vítima. Os três fugiram do local, deixando as facas próximas ao corpo de Jusselia.
Após os fatos, a polícia realizou diligências que levaram até o adolescente, que teve sua voz reconhecida no vídeo gravado pelos criminosos. O adolescente confessou ter participado da execução e apontou o envolvimento de Adão na execução, a mando de Gilberto.
Também consta na denúncia que, no dia 24 de fevereiro de 2023, Adão — a mando de Gilberto — coagiu e proferiu graves ameaças de morte contra uma testemunha que estava no bar quando eles chegaram para executar a vítima, fazendo com que ele não identificasse os autores do crime na ocasião em que prestou depoimento.
Penas
O Conselho de Sentença reconheceu a autoria e a materialidade dos crimes, considerando agravantes como reincidência e a alta periculosidade dos acusados. Gilberto Alves de Oliveira Junior foi condenado a 31 anos e 11 meses de reclusão e dez dias-multa, e Adão Silva Monteiro teve a pena fixada em 23 anos, um mês e sete dias de reclusão, além de dez dias-multa. A sessão de julgamento foi realizada no dia 10 de abril. (Fonte: RD News)