Lágrimas, gritos e aplausos. O retorno do Flor Ribeirinha para Cuiabá, nesta quarta-feira (9), foi tomado pela emoção. Nas últimas duas semanas, o grupo esteve na Turquia, onde disputou o Festival Internacional de Arte e Cultura Popular, do qual se sagrou campeão. Depois de sair do aeroporto, eles foram em carreata até o Palácio Paiaguás, onde foram recebidos pelo governador e outras autoridades políticas. Não faltaram homenagens.
O secretário de cultura do município, Francisco Vuolo, fez questão de recepcionar o grupo no aeroporto. Segundo ele, a vitória do Flor Ribeirinha é um divisor de águas na história da tradição cuiabana. “Apesar de todas as dificuldades, houve a união do segmento cultural, mostrando a força que nós temos”, destacou. “A nossa cultura é muito forte, a nossa tradição é muito forte e precisamos acreditar nisso”, disse emocionado.
Após a recepção, o grupo seguiu em carreata pela cidade até o Palácio Paiaguás, onde foi recebido pelo governador Pedro Taques (PSDB), deputado Eduardo Botelho (PSB), e secretários. Durante a cerimônia, o passado do siriri, do cururu, e a falta de incentivo e apoio popular e do poder público foram lembrados por todos os componentes da banca.
“A vitória é um processo, não acontece de um dia para o outro”, ponderou o secretário de Estado de Cultura, Leandro Carvalho. “Nós precisamos transformar toda essa alegria, toda essa energia da vitória do título mundial em um grande mutirão de resgate e fortalecimento do siriri e cururu”, ressaltou, destacando também preocupação ao notar que a tradição cuiabana está se perdendo.
O secretário de Estado de Cidades, Wilson Santos (PSDB), também lembrou da época em que o cururu e siriri eram tidos como motivo de vergonha, e manifestou: “O que há de mais profundo em um povo não é sua força bélica, seu capital financeiro, suas matas ou seus rios. O que há de mais profundo, e que distingue um povo do outro, são seus traços culturais. Vocês resistiram, mesmo sendo discriminados, foram em frente. E hoje a cidade os aplaude em pé. Não foi o Flor Ribeirinha quem venceu, foi a cultura pantaneira mato-grossense”.
Edson Rodrigues/HiperNoticias
Citando o poeta mato-grossense Manoel de Barros, o governador do Estado, Pedro Taques (PSDB), disse: “Quem se aproxima de suas origens, se renova. Nós aqui estamos nos renovando a cada dia com esta espetacular conquista do grupo Flor Ribeirinha”. O chefe do Executivo Estadual também parabenizou o grupo pelo que fazem pela cultura mato-grossense e esforço e resiliência demonstrada por Domingas Leonor, presidente e fundadora do Flor Ribeirinha.
Quem também esteve presente foi o deputado estadual Eduardo Botelho (PSB), que se disse orgulhoso do grupo. Ele lembrou de suas origens, de sua família, que também é da comunidade São Gonçalo Beira Rio, e parabenizou o grupo pelo resultado alcançado. “Eu sou um apreciador, vivia nas festas de cururu e siriri. Eu sempre falo que nós temos uma cultura bonita e temos que nos orgulhar disso”.
Ainda cansada do voo de mais de 16 horas, Domingas se disse grata a Deus, aos políticos, ao grupo e sua família, que batalhou diariamente para a realização do sonho. Orgulhosa do trabalho apresentado e ainda emocionada, ela se disse honrada pelas homenagens. “Foi muito complicado, mas Deus deu esse título para nós. Não foi fácil, mas merecido. Hoje nós somos campeões mundiais, que o mundo inteiro respeita”, destacou.
“Mato Grosso Dançando o Brasil”
O espetáculo levado para a Turquia teve apenas 20 minutos e exigiu meses de preparação da equipe. Conforme o diretor executivo do grupo, Jeferson Guimarães Rosa, a apresentação foi uma adaptação do show Mato Grosso Dançando o Brasil, que será lançado pelo grupo em Cuiabá, no mês de outubro.
O Festival teve mais de 15 jurados, de diversas partes do mundo, e teve como etapa final a avaliação dos espectadores. “No final, o público presente teria que endossar essa vitória, mostrando uma reação importante, e nós fomos ovacionados na última apresentação”, destacou.
Para o coreógrafo do grupo, Avinner Augusto, tudo ainda parece um sonho. “Tenho medo de que eu vá acordar”, comentou. “Superamos os favoritos, que era o grupo coreano. Foi um trabalho em conjunto, com muito esforço de todos aqui. O Flor Ribeirinha representa cores, representa alegria, e isso é um esboço de Cuiabá. Com certeza, esse título vem do carinho de todos que nos assistiram e que se encantaram com a cultura mato-grossense”, ponderou.