O crescimento econômico de Mato Grosso tem impulsionado o comércio e a indústria, mas a falta de trabalhadores tem se tornado um grande desafio para os empresários de Cuiabá.
Com o fenômeno do pleno emprego, onde praticamente todas as pessoas em busca de trabalho encontram oportunidades rapidamente, setores como o varejo, bares e restaurantes enfrentam dificuldades para preencher suas vagas.
A migração de profissionais para cidades do agronegócio e a falta de qualificação também agravam a situação. “O agronegócio não é um grande gerador de emprego, mas trouxe muitas empresas em função dele. Criaram-se cidades pólo do agro, para onde as pessoas migram em busca de melhores oportunidades”, explica Júnior Macagnam, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Cuiabá.
Nas ruas da capital, é comum encontrar estabelecimentos exibindo cartazes de contratação, como o supermercado Astra Mix, no bairro Goiabeiras, que há meses busca preencher vagas de repositor, operador de caixa, açougueiro e balconista.
O setor de bares e restaurantes também sofre com o problema. Giuliano Belo, proprietário do Cupim Bar e integrante da Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes), relata que nunca viu um período tão crítico.
“O nosso segmento trabalha com carteira assinada, exige expediente em feriados e fins de semana, e muitas pessoas preferem atuar como autônomas em aplicativos de transporte e delivery”, afirma. Embora ainda não haja registros de empresas fechando em Cuiabá por falta de funcionários, a realidade no interior do estado já é outra. “Em Sinop e Sorriso, por exemplo, há casos de empreendedores que abriram negócios, mas não conseguiram mão de obra e precisaram encerrar as atividades”, acrescenta.
Estratégias para Atrair Trabalhadores
Com a escassez de funcionários qualificados, empresários estão adotando novas estratégias para atrair e manter talentos. Muitos passaram a oferecer o primeiro emprego e investir na capacitação interna, além de implementar benefícios como planos de carreira, bonificações e melhor remuneração.
“É fundamental treinar bem os colaboradores para proporcionar uma excelente experiência ao consumidor. Isso não só aumenta as vendas, como fideliza clientes”, ressalta Macagnam. Segundo ele, a CDL tem incentivado empresas a adotar práticas como um ambiente de trabalho acolhedor e pacotes de benefícios mais atraentes.
Outra alternativa que tem amenizado o problema é a imigração. Venezuelanos, haitianos e bolivianos têm encontrado oportunidades em Cuiabá e ajudado a suprir a demanda por mão de obra. Empresas também estão recrutando trabalhadores de estados como Maranhão, onde o desemprego é maior.
“A gente começou a trazer muitos jovens do Nordeste. Se formos concorrer com quem quer ser o próprio patrão e fazer o horário que quiser, precisamos oferecer condições melhores para manter os funcionários”, explica Giuliano.
Diante desse cenário, empresários reconhecem que não há uma solução mágica para a falta de mão de obra, mas que investir em qualificação, adaptação às novas realidades do mercado e melhoria das condições de trabalho são passos fundamentais para enfrentar o desafio. (Fonte: Folha do Estado)