A juíza Débora Roberta Pain Caldas, da 2ª Vara Criminal de Sinop, determinou a revogação da prisão preventiva de Taiza Tosatt Eleoterio Ratola e Wander Aguilera Almeida, investigados por porte ilegal de arma, contrabando e comercialização de anabolizantes proibidos no Brasil. A decisão, desta quinta-feira (14), atende a um pedido da defesa, que contou com parecer favorável do Ministério Público de Mato Grosso (MPMT).
Na decisão, a magistrada destacou que, embora as condutas atribuídas aos indiciados sejam reprováveis e possam resultar em penas severas, ambos podem responder em liberdade desde que cumpram integralmente as medidas cautelares impostas. A juíza ressaltou que os investigados não possuem antecedentes criminais e apresentaram endereço fixo nos autos.
“Não obstante a reprovabilidade das supostas condutas criminosas praticadas pelos indiciados, a serem apuradas em eventual ação penal e, se comprovadas, com a imposição das penas cabíveis, quanto à possibilidade de aguardar em liberdade o trâmite processual, faz-se viável, desde que cumpridas as cautelares impostas”, ressaltou Caldas.
Entre as condições para a liberdade dos indiciados, foram estabelecidos: comparecimento mensal ao Fórum de Sinop, proibição de sair da comarca de residência sem autorização judicial por mais de dez dias, proibição de contato com fornecedores de medicação irregular e monitoramento eletrônico com uso de tornozeleira. Os indiciados devem comparecer à Central de Monitoramento em até 48 horas após a soltura para a instalação do equipamento.
Taiza e Wander foram presos no dia 31 de outubro de 2024 no aeroporto de Sinop (500 km de Cuiabá), quando retornavam de uma viagem ao Nordeste. A prisão foi efetuada no âmbito da Operação Cleópatra, em que Taiza atraía vítimas prometendo altos retornos financeiros para investimentos a partir de R$ 100 mil.
Durante o cumprimento do mandado de busca e apreensão na residência, foram encontradas 20 munições calibre .357 de uso proibido no país, além de caixas de anabolizantes cuja venda é restrita pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e permitida apenas para fins terapêuticos.
O ESQUEMA
Segundo a Polícia Civil, Taiza, que estava foragida, utilizava as redes sociais para atrair suas vítimas, apresentando-se como uma jovem bonita, bem-sucedida, articulada e especialista em investimentos financeiros.
Ela convencia as pessoas a realizarem investimentos de alto valor, superiores a R$ 100 mil, em ações, por meio de promessas envolventes de retornos diários que variavam de 2% a 6%, dependendo do montante aplicado. Dessa forma, instaurou um verdadeiro esquema de pirâmide financeira.
Nos primeiros meses, as vítimas recebiam os lucros prometidos e eram incentivadas a reinvestir. No entanto, com o tempo, a empresa começou a atrasar os pagamentos. Ao pedirem a devolução dos valores investidos, Taiza apresentava diversas desculpas e, eventualmente, passou a ignorar completamente as solicitações das vítimas. (HNT)