Hugues Pierre, de 59 anos, deixou a esposa e os quatro filhos no Haiti, há cinco anos, e partiu rumo ao Brasil em busca de uma vida melhor. Ele adotou Cuiabá como nova morada. Trabalhando como picolezeiro e catando latinhas para sobreviver, morava em uma casa simples no bairro Pedra 90. Na última sexta-feira (8), se mudou para uma residência mobiliada, mudança agilizada pela produção do programa “Domingão”, apresentado por Luciano Huck, na TV Globo.
Além de Pierre, a diarista Marileide de Lara Silva, de 42 anos, também se mudou da antiga casa alugada onde vivia com os seis filhos no bairro Pedra 90, na periferia de Cuiabá. Luciano Huck esteve em Cuiabá para contar a história do pedreiro Erivaldo Rocha, que criou o projeto Amor em Cristo, em 2005, para construir casas para pessoas em situação de vulnerabilidade social.
Com a ajuda do programa, Erivaldo conseguiu terminar a construção das casas de Pierre e de Marileide, figuras conhecidas pelos moradores da região. A equipe de Luciano Huck também providenciou móveis e eletrodomésticos para as duas residências. Durante as gravações, o pedreiro foi contemplado pelo quadro “Lar Doce Lar”.
Na tarde de segunda-feira (11), Erivaldo, a esposa e as duas filhas viram a casa em que moram, no bairro Pedra 90, ser entregue pelo apresentador completamente reformada. Apesar de construir residências através do projeto, o pedreiro morava em uma casa com apenas dois cômodos com a família.
Vida Nova
No meio da multidão que aguardava para ver a entrega da nova casa de Erivaldo, Marileide também carregava consigo a emoção de ter, pela primeira vez na vida, uma residência completamente mobiliada e confortável para a família. Ela, o marido, os seis filhos e um neto moravam de aluguel no bairro Pedra 90.
“Na hora que entrei na minha casa, mudou tudo. O pai dos meus três pequenos não pagava pensão, pagava aluguel, então agora vai sobrar um dinheirinho para comprar uma fruta, um iogurte… Coisas que não podia fazer. O Luciano Huck entrou na minha casa que era alugada”, relatou Marileide.
Marileide já chegou a ficar em situação de rua e passar fome. Enquanto olha para a cortina içada do Lar Doce Lar, a diarista afirma que se fosse parar para contar a própria história, seriam necessárias muitas horas. Um dos filhos concorda: “você já passou por muitas coisas, né, mãe?!”.
“Quando era menina bati muita cabeça na casa dos outros, as pessoas me mandavam embora. Quando minha filha era pequena, tinha ela e meu maior, fui ficar um tempo encostada na casa da minha mãe, porque ela não me criou, fui criada pelos outros. Minha mãe ficava me jogando as coisas na cara por causa deles. Tinha que sair e passava o dia inteiro andando de coletivo para passar a hora e escurecer, para chegar na casa dela só para dar banho e janta para colocar eles para dormir, para não ter incômodo”, lembra Marileide.
Sonho de rever a família
Morando sozinho em Cuiabá, Pierre mescla palavras em português, espanhol e francês para tentar explicar a dualidade de sentimentos de ter uma nova casa, mas estar longe da família e dos filhos. Ele conta que a esposa e as crianças estão se escondendo da imigração em uma área de mata na República Dominicana, mas não tem dinheiro para pagar as passagens para o Brasil.
“A situação aqui está melhor, mas falta minha companheira para ficar aqui comigo. Minha esposa está escondida na mata na República Dominicana, porque a imigração está atrás deles. Ganhei uma casa, mas fico triste, porque estou sem ninguém. Deixa tudo a Dios.” (Com informações do Olhar Direto)