Marido alega que desconhecia estupros de professor, que ‘condenava’ pedofilia

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Elson Bosco Ojeda, 49 anos, que atuava como diretor da Escola Estadual Padre João Panarotto, em Cuiabá, preso nesta quinta-feira (31) no âmbito da Operação “Lobo Mau” por usar Roblox – um tipo de jogo online – para abusar de crianças, vivia uma vida considerada “boa” com o marido, que é advogado e funcionário público, em uma casa localizada perto do 3º Batalhão da Polícia Militar, Capital. Os dois são casados há 30 anos.

O jurista, em depoimento, afirmou que nunca suspeitou que o companheiro praticava os crimes e que sequer tinha acesso à senha do computador do educador, muito menos à senha do wifi da residência. O professor foi preso pela manhã, por volta das 5h30, quando voltava de uma academia com o marido.

Os dois foram abordados pelos agentes do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco-MT) ainda no carro. Durante as diligências na residência do alvo, no bairro Morada da Serra, em Cuiabá, as equipes do Gaeco flagraram o educador com mais de 195 gigabytes de material de pornografia infantil.

Além de armazenar, ele também divulgava os materiais. Ojeda era diretor na Escola Estadual Padre João Panarotto, na capital, onde também ministrava aulas de História.
Seu salário era de R$ 12.406,00. Após a repercussão do caso, a Secretaria de Estado de Educação (Seduc) informou que o afastou do cargo.

Aos agentes, o marido do educador declarou que não tinha conhecimento da conduta do parceiro. A rede e o computador estão em nome do professor. O advogado também destacou que o professor chegou a repudiar a pedofilia em diversas ocasiões. Além de Ojeda, um jovem de 19 anos, morador de Tangará da Serra (239 km de Cuiabá), também foi detido.

As investigações foram realizadas pelo Gaeco de São José do Rio Preto e pela Polícia Civil do estado de São Paulo, por meio do Deinter 5. Trata-se de uma força-tarefa criada entre as instituições, que contou com o apoio da Agência de Investigação Interna (Homeland Security Investigations – HSI) e da Embaixada dos Estados Unidos, focada no combate à exploração sexual infantil na internet.

As investigações da Operação Lobo Mau apontaram a existência de um número expressivo de criminosos que, disfarçando-se de adultos, entram em contato com crianças e adolescentes por meio de variadas plataformas digitais, com o objetivo de induzi-los a produzir conteúdo de nudez e até mesmo de sexo, visando consumir o material produzido e depois distribuí-lo em grupos fechados de troca de mensagens, como Telegram, Instagram,
Signal e WhatsApp, inclusive em jogos como Roblox.

O nome da operação faz referência exatamente ao criminoso predador sexual que se esconde atrás de uma fachada de normalidade para se aproximar da vítima, ganhar sua confiança e depois atacá-la, situação que é enormemente potencializada no ambiente virtual, onde as pessoas não se veem. Foram cumpridos 94 mandados de busca e um de prisão em 20 estados da federação e no Distrito Federal.

A operação mobilizou equipes especializadas das Polícias Civis e dos Ministérios Públicos do Acre, Bahia, Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rondônia, Rio Grande do Sul e Sergipe. Também contou com a participação das Polícias Militares dos estados de São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso.Segundo o Gaeco, dispositivos eletrônicos e outros equipamentos utilizados para a produção e armazenamento do conteúdo estão sendo apreendidos para análise forense.

As autoridades esperam que a ação contribua para a identificação de outros envolvidos na rede, além de reforçar a necessidade de uma atuação conjunta e contínua no combate a esse tipo de crime.

Fonte: Folhamax