População de rua cresce em trecho da Getúlio Vargas; fotos

Fonte:

A população em situação de rua cresceu nos últimos meses nas imediações da Praça 8 de Abril e no final da Avenida Getúlio Vargas, em Cuiabá. Quase todas as noites, um grupo de 30 pessoas se reúne na escadaria do antigo prédio do Ministério da Saúde, na Getúlio, hoje abandonado.

Assim como a migração desse grupo, também pôde ser observado um movimento de tráfico na região, para abastecer os usuários. Já sem pudor, muitos deles fazem uso de entorpecentes nas calçadas que delimitam a avenida, à luz do dia.

O deslocamento dessas pessoas em situação de rua para essa região ainda têm causado preocupação aos comerciantes dos arredores, que temem perder clientes.

Foto: Reprodução/Midianews

A reportagem do MidiaNews conversou com os funcionários e proprietários de estabelecimentos comerciais. Eles pediram que não fossem identificados, a fim de evitar represálias.

“Aumentou muito o número de pessoas ali. Acho uma tristeza. Não julgo eles porque a maioria são educados, dão bom dia, boa tarde para a gente. Nunca entraram aqui na minha loja ou mexeram na minha vitrine. Mas eles assustam os clientes”, disse uma comerciante.

“Ontem mesmo uma cliente minha entrou correndo desesperada na loja, quase chorando, porque se assustou com um deles. Eles não são agressivos com a gente, mas quando andam ou conversam entre si, eles andam de um jeito que assusta ou ficam eufóricos. Acho que ela ficou com medo disso”, completou.

Foto: Reprodução/Midianews

Já o funcionário de uma loja mais próxima de onde o grupo tem se reunido disse que vê com frequência o uso de drogas e acúmulo de lixo nas calçadas. Apesar disso, o jovem também reforçou que nunca houve furto ou algum incômodo por parte deles no comércio.

“Fica muito lixo ali e junta muita gente mais durante à noite. A gente vê eles fumando, principalmente naquela entrada do estacionamento. Eles ficam andando pra lá e pra cá, mas nunca vieram aqui não”, contou o rapaz.

Endemia 

Enquanto a reportagem estava na Praça 8 de Abril, um enfermeiro da Atenção Básica, que também pediu para não ser identificado, concedeu uma entrevista na qual falou sobre os principais problemas observados entre a população de rua.

Segundo ele, os grupos, apesar de terem mulheres, em sua maioria, são formados por homens de 25 a 40 anos. Essas pessoas são acometidas, principalmente, por doenças como a tuberculose e a sífilis, ambas transmissíveis.

Foto: Reprodução/Midianews

A transmissão da tuberculose ocorre por meio do ar, enquanto a sífilis é transmitida pelo ato sexual. Ambas são causadas por bactérias e tratáveis, mas a taxa de cura dos pacientes em situação de rua são baixos, disse o enfermeiro.

“Aqui varia muito a população itinerante. Fixos, hoje, são 12 pessoas. Lá no prédio abandonado, um rapaz que é paciente em situação de rua disse que à noite chega a 28, 29, quase 30 pessoas. Então, varia muito”, contou.

“Geralmente, vemos muita gente de Ji-Paraná e Rondonópolis. A gente conversa com eles, e um rapaz vindo de Chapada dos Guimarães disse que foi recepcionado na rodoviária por uma pessoa que ofereceu um valor para ele não ficar lá e vir para Cuiabá”.

“Nessa população de fora de Cuiabá, vemos muitos casos de tuberculose e sífilis, mas também hanseníase, hepatite B e C, HIV”. Fonte: Midianews

Mais imagens (Midianews)