Pais inovam e criam programa escolar para treinar habilidades em crianças atípicas e torná-las independentes

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Terapias são fundamentais para crianças e adolescentes com transtorno de aprendizagem como dislexia, Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), autismo, transtorno opositor desafiador com a vida mais funcional. Contudo, mais do que isso, o casal Camila Albuês e Clayton Torres perceberam que os dois filhos atípicos enfrentavam o mesmo problema: ir para a escola e reter a aprendizagem, além da socialização em outros espaços como a igreja. Eles perceberam que o cerne do problema e da solução é na aprendizagem escolar.

Conforme o Ministério da Educação, em 2023 Mato Grosso tinha 31.207 estudantes na educação especial, o que corresponde a 3,5% no universo de quase 895 mil alunos nas redes pública e particular. Cerca de 67% são crianças e adolescentes de até 14 anos. As informações do portal Diversa apontam que a maior parte dos estudantes especiais tem deficiência intelectual (48%), são autistas (26,9%), tem deficiência física (9,4%) ou deficiência múltipla (4,4%).

Mãe de um menino autista e de uma menina com dislexia, a fisioterapeuta com doutorado em Distúrbios do Desenvolvimento, Camila Albuês e o marido Clayton Torres enfrentam o desafio de que os filhos progridam na escola, com uma aprendizagem correta. Nem sempre ter um cuidador ou acompanhante terapêutico significa que a criança vai aprender se ele não despertar as habilidades da criança. O risco é de que o profissional se torne uma espécie de babá, a criança não aprenda e não evolua.

Nesta Semana Nacional da Dislexia, a dor do casal Camila e Clayton são similares a de milhares de pais mato-grossenses, por isso eles decidiram inovar e passar a oferecer um programa escolar para essas crianças com transtorno de aprendizagem. É um serviço a mais além da reabilitação realizada pela Clínica Vital Kids.

“Infelizmente, na maioria das vezes a ajudante terapêutica fica mais como babá, cuidando da criança no ambiente escolar e não treinando suas habilidades e potencialidades para essa criança desenvolver para a vida começando na escola como um segundo ambiente depois da família. É uma dor de todos os pais de crianças atípicas. Temos um filho com autismo e uma com dislexia, diante dessa nossa dificuldade que sentimos com nossos filhos na escola criamos um serviço de programa escolar: Class Suport, After School e a Consultoria Escolar”, explica Clayton.

Treinando habilidades para vida independente

A proposta do Class Suport é treinar a habilidades dessas crianças e adolescentes na clínica focando no que ele pode fazer, no potencial dele e como aplicar isso no espaço escolar. Dependendo do nível de severidade e comprometimento da deficiência é possível fazer do Small Program, de três vezes na semana por uma hora, até o Special Program, com mais tempo de treinamento, buscando a independência com tecnologia.

“É um treinamento focado em habilidades com foco escolar, como um reforço escolar com o nosso know how em reabilitação. A gente consegue compreender o quanto é necessário que a criança tenha o suporte de profissionais que entendem desse desenvolvimento escolar. Para se ganhar aprendizado, a criança precisa de habilidade cognitiva, precisa de uma habilidade específica, tanto que a gente vai ter uma plataforma que, para desenvolver essa criança, além do conteúdo da escola, dentro de uma abordagem comportamental”, explica.

Por meio das técnicas de memória de trabalho, memória recente, habilidades cognitivas específicas que vão gerar habilidades para a vida. Além disso, o cuidador ou acompanhante terapêutico também serão treinados para oferecer esse suporte para a criança também na escola e por meio do Class Suport, a criança e adolescente faz as tarefas e aprende as técnicas na clínica.

O outro programa é o After School, um contraturno escolar dentro da clínica também com apoio da lição de casa, orientação individualizada, com lanche e atividades esportivas, como a natação. Contudo, ele é um programa para crianças atípicas ou típicas, aquelas que não apresentam qualquer tipo de deficiência.

“A nossa função é trabalhar a inclusão, independente de quem quer que seja. A gente pensa em trabalhar as habilidades da criança e adolescente. Usar o momento da tarefa e da lição de casa para desenvolver a habilidade cognitiva também. Por meio da plataforma CogniFit, ele será treinado para desenvolver memória de atenção. É uma opção aos pais que ao invés de deixar na escola integral, deixá-la na clínica no contraturno. Nós vamos ter produtos que também desenvolvam habilidades de esportes e de noções corporais.”.

Construindo escolas acolhedoras

O terceiro programa é a Consultoria Escolar para apoio às famílias e com foco de criar um ambiente educacional acolhedor e estimulante. A Clínica Vital Kids tem um protocolo para fazer essa consultoria escolar.

“A gente avalia quando há necessidade de intervenção, a gente acolhe também essa escola. A nossa consultoria escolar serve tanto para a família, quanto para as unidades escolares. São dois públicos. Somente oferecer workshop não resolve o problema, nem apenas palestras, isso é algo secundário. A gente dá assistência mesmo, criamos plano de ação para que a escola possa gerar habilidades de aprendizado na criança. Não é apenas incluir”.

Segundo Camila, para as escolas, muitas vezes a inclusão é vista como aceitação da criança no espaço escolar com outras crianças típicas. Mas estar no ambiente escolar não significa estar incluído.

“Nosso foco é gerar resultados, a Clínica Vital Kids se transformou porque entendeu que para dar resultado para a criança, a gente precisa ampliar a nossa visão não só em reabilitação. A gente precisa cuidar dessa criança em todos os aspectos da vida dela, e a base é aprendizagem”, finalizou Camila Albuês.