Meninas acusam professor de taekwondo, de abusos físicos e psicológicos em Cuiabá

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Uma jovem de 16 anos, que afirma ser uma das vítimas do professor de taekwondo Fernando Henrique Sena, de 36 anos, relatou uma série de abusos físicos e psicológicos que teria sofrido quando era aluna da Associação Puma de Taekwondo, no Bairro CPA 1, em Cuiabá, onde ele atua.

O professor está sendo investigado pela Polícia Civil desde a última terça-feira (1º), quando a Delegacia Especializada de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente (Deddica) recebeu a primeira denúncia de estupro de vulnerável contra uma aluna de 14 anos.

A adolescente, que não será identificada, disse ter frequentado a academia por aproximadamente um ano e meio. Ela deixou a unidade no início deste ano, afirmando que não aguentava mais os abusos. “Quando eu saí da academia, nunca mais pisei lá”, disse.

“Ele fazia muitos jogos psicológicos, principalmente sobre o nosso peso para os campeonatos. Ele me forçava a descer para 52 kg, mas meu corpo só suportava até 54 kg. Por causa disso, cheguei a desmaiar diversas vezes em competições”.

A jovem relata uma rotina de treinos “exaustivos”, com duração de mais de quatro horas diárias, associada à privação de comida.

“Ele nos fazia ficar sem comer, só à base de água e café, por causa dos campeonatos”, afirma.

Após algum tempo como aluna da academia, a jovem disse que começou a notar comportamentos ainda mais estranhos.

“Ele falava para mim sobre coisas íntimas entre ele e a mulher, e chegou a tocar minhas partes íntimas, dizendo que iria fazer uma ‘massagem’”, conta.

Fernando, segundo a jovem, interferia também em suas relações pessoais, o que levou ao término de um namoro.

“Eu estava namorando um menino da academia, e ele fez um inferno em nossas vidas quando descobriu. Dizia que o garoto não tinha futuro e que estava atrapalhando meu treino. Ele manipulou minha mãe para me obrigar a terminar”, relatou.

Ela conta ainda que, durante os campeonatos, o professor restringia o contato com pessoas de fora, e que, caso a regra fosse desrespeitada, ele “pegava muito mais pesado nos treinos”.

Além disso, Fernando passava os treinos sem supervisionar os alunos. “Ele ia para casa e só voltava quando queria”, diz a jovem.

“Uma vez eu estava treinando, e ele chegou gritando: ‘Isso tá uma bosta. Se não quer treinar, não vem’. Ele vivia falando mal de outras academias, dizia que era o melhor técnico de Mato Grosso e que ninguém conseguiria ganhar da Puma Team.”

A jovem afirma que saiu da academia por conta dos assédios que sofreu. Após sua saída, o professor teria espalhado difamações sobre ela. “Ele fez um inferno na academia e chegou a me chamar de ‘puta’ para as pessoas de lá”.

“Me senti nojenta”

A jovem disse que não contou aos pais sobre os abusos inicialmente e só teve coragem de relatar os acontecimentos após o caso se tornar público.

“Me senti nojenta quando tudo isso aconteceu. Entrei em estado de depressão e ansiedade, fiquei tomando remédios fortes por três meses. Quando o caso da menina, que já era minha amiga, veio à tona, contei para minha mãe”.

A vítima recebeu o apoio da família e também registrou um boletim de ocorrência sobre o caso.

“Me sinto muito mal porque se eu tivesse falado com minha mãe desde o início teria evitado tudo isso”.

“Que a justiça exerça o papel dela agora e que eles prendam ele o mais rápido possível. Enquanto ele estiver solto pode fazer a mesma coisa com outras meninas”, disse.

Outro lado

A reportagem tentou vários contatos com o professor acusado, não obtendo retorno. O espaço segue à disposição para a sua versão sobre as acusações.

Fonte: Midianews