Há décadas o número de filhos tem registrado queda constante nas famílias, o que poderá acarretar uma população envelhecida e mesmo na diminuição da quantidade de habitantes em algumas regiões. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que em 2 décadas em vez de crescer, quantidade de pessoas irá diminuir em algumas estados, mas isso não se aplica a Mato Grosso, que ficará mais populosa devido ao fluxo migratório e expansão da economia.
No início do século XXI, em 2000, a taxa de fecundidade apontava 2,39 filhos por mulher no Brasil, de acordo com o IBGE. Esse número, entretanto, chegou ao nível mais baixo em 2023, com 1,57 e continuará caindo até 2070, segundo projeção divulgada pelo instituto.
O doutor em População, Território e Estatísticas Públicas, Luiz André Ribeiro Zardo, explicou ao Gazeta Digital que essa diminuição tem sido objeto de estudo dentro das áreas de estatística e que a urbanização da sociedade e a mudança cultural no modo de vida das mulheres, como a inserção e acesso ao mercado de trabalho, são fatores associados à redução das taxas de natalidade.
Com o planejamento familiar e o acesso a métodos contraceptivos, muitas famílias limitam sua quantidade de filhos ou optam por não os ter. “Vários desses fatores atuando de forma isolada ou em conjunto, tendem a ocasionar a queda das taxas de fecundidade, e por consequência a diminuição do tamanho das famílias”, explicou Zardo.
A diminuição no número de filhos, somado às evoluções ocorridas na saúde e no aumento da longevidade, contribui para a formação de uma população mais envelhecida, que, geralmente tem atividade econômica reduzida. Como consequência, as demandas do setor de saúde pública terão tendência a serem diferentes, com alterações que garantam qualidade de vida para todos.
“O efeito direto da manutenção de baixas taxas de fecundidade ao longo do tempo é a alteração da estrutura etária da população. Com menos nascimentos, a tendência é de se ter uma população mais envelhecida, com a população em idade economicamente ativa reduzindo. Nesse cenário, áreas como o da saúde, urbanismo, mercado de trabalho, seguridade e assistência social irão demandar mais atenção do setor público”, conta o doutor.
A diminuição da população
Uma projeção de população divulgada pelo IBGE no último mês aponta que, a partir de 2042, o crescimento populacional no Brasil será negativo, ou seja, o número de pessoas começará a diminuir. A projeção aponta, ainda, que Mato Grosso será o único estado que não terá esse fenômeno até 2070.
Reprodução IBGE
O professor Luiz André explica que as projeções podem não se concretizar exatamente da forma como apontadas pelo instituto. Alterações nos padrões comportamentais e sociais podem causar diferenças com relação à realidade x projeção. Apesar disso, ele aponta alguns dos fatores que podem influenciar e fazer com que o estado não tenha a população reduzida.
“Esta tendência deve estar refletindo um movimento tardio na redução do tamanho populacional de Mato Grosso, comparado a outras Unidades da Federação. Como ainda não foram divulgadas as estatísticas e indicadores referentes ao movimento migratório em Mato Grosso, dificulta a análise do impacto da migração no tamanho da população, em um estado, por exemplo, em expansão do setor de mineração, além do agro”, finaliza Zardo
Fonte: Gazeta Digital