Quem é ‘Véio’, líder de facção acusado de mandar matar candidata e irmã

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O duplo assassinato da candidata a vereadora Rayane Alves Porto e da irmã dela, Rithiele Alves Porto, por faccionados do Comando Vermelho (CV), no oeste de Mato Grosso, colocou em evidência a identidade do suposto mandante. Segundo a polícia, trata-se de Norivaldo Cebalho Teixeira, conhecido como “Véio”, “Tuta” ou “Mercúrio”.

Ele é um velho conhecido da polícia do estado e é considerado o líder do CV nos municípios de fronteira, a exemplo de Porto Esperidião, onde as irmãs foram mortas.

Preso desde 2022 em decorrência do assassinato de um soldado do Exército em Cáceres (MT), “Véio” teria conduzido a tortura e a morte das irmãs direto da cadeia, por uma chamada de vídeo que durou cerca de 3 horas.

Norivaldo está detido na Penitenciária Central do Estado (PCE), em Cuiabá e é apontado como um detento de alta periculosidade.

Em 2022, ele foi acusado de ser o mandante do assassinato do soldado Thiago de Brito de Almeida, de 19 anos. O jovem foi morto enquanto jogava basquete com amigos numa praça do bairro Cohab Nova.

rayane e rithiely vereadora

As irmãs Rayane e Rithiely, que foram assassinadas na semana passada  Foto: Reprodução

O local era alvo de disputa, à época, entre o CV e o Primeiro Comando da Capital (PCC). O rapaz não tinha qualquer relação com os grupos criminosos e chegou a dizer isso aos faccionados que o abordaram, alegando que era militar, mas de nada adiantou. Ao correr, com medo de ser morto, ele foi perseguido e alvejado nas costas.

Conselheiro do Comando Vermelho

Ao ser interrogado sobre o caso, Norivaldo deu detalhes sobre a sua atuação nos municípios da região. Ele é natural de Cáceres, tem 41 anos de idade e diz ser membro do CV desde 2012. Na ficha cadastral, “Véio” aparece como vaqueiro e ajudante de pedreiro. No relato à polícia, no entanto, ele afirma que entrou na facção ainda no início e que, por isso, não possui um padrinho interno.

Conforme o depoimento ao qual o Metrópoles teve acesso, Norivaldo relatou que existem 36 conselheiros gerais do Comando Vermelho em Mato Grosso e que ele atua como tal no oeste do estado, de forma que chega a receber um valor de comissão das vendas do tráfico nas cidades de Porto Esperidião, Nova Lacerda, Campos de Júlio e Sapezal.

Enquanto conselheiro, a responsabilidade dele é repassar informações sobre a presença do CV nas cidades para o conselho superior da organização criminosa. Na hierarquia local, ele seria o gerente da disciplina, ou seja, aquele encarregado pelas punições e “julgamentos”.

O relato de Norivaldo foi registrado em maio de 2022, quando a disputa entre PCC e CV por cidades de fronteira em Mato Grosso estava no auge. Ele disse, por exemplo, que a ordem interna era que faccionados do grupo rival e traficantes que não vendiam drogas no Comando deviam morrer.

A Justiça chama isso de “autoria de escritório” ou autor intelectual. Por mais que Norivaldo não tenha sido o autor imediato dos crimes, ele é apontado nos autos como quem possuía o domínio dos fatos e, “sob seu mando, diversas vidas foram ceifadas, em brutal contexto de rixa e rivalidade entre as facções”.

PCE, de onde teria sido ordenada a execução das irmãs – Foto: Reprodução

“Véio” suspeitou das intenções de candidata

As irmãs Rayane e Rithiele tiveram as mortes decretadas pelo líder do CV, segundo a polícia, por causa de uma foto publicada pela candidata a vereadora nas redes sociais, uma semana antes. A imagem mostra elas em um momento de lazer em família no Rio Jauru, em Porto Esperidião.

No entendimento de Norivaldo, os sinais feitos pelas duas irmãs com a mão, mostrando “três dedos”, simbolizavam o símbolo da facção rival (PCC). Desde então, elas ficaram marcadas pelos faccionados. A foto circulou no grupo de WhatsApp do CV e a ordem foi dada. Mechas de cabelo e dedos das vítimas foram cortados antes de elas serem mortas.

Foto: Reprodução/vídeo

Durante a abordagem, tortura e assassinato das irmãs, “Véio” manteve contato com os faccionados por chamada de vídeo. O namorado de Rithiele, que conseguiu fugir da casa para onde elas foram levadas e buscou por socorro, disse que Norivaldo falava coisas sem sentido e dizia que Rayane queria roubar o poder dele na região.

A investigação segue em sigilo e nada foi confirmado, até então, sobre a possível relação das vítimas com o PCC. O namorado de Rithiele disse, no interrogatório, que as irmãs não tinham ligação com grupos criminosos e que o símbolo feito com as mãos remetia ao “rock”, somente.

As irmãs Rayane e Rithiele Alves Porto, que foram mortas Foto: Reprodução/Midianews

Norivaldo foi isolado no presídio

Após a descoberta da chamada de vídeo e da suposta participação de Norivaldo no assassinato de Rayane e Rithiele, a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) de Mato Grosso adotou medidas em relação ao preso. Ele foi isolado dentro da Penitenciária Central do Estado (PCE) e teve a cela vasculhada pela investigação.

Além disso, de acordo com as informações do órgão, foi instaurado um procedimento administrativo para apurar as questões relacionadas ao acesso de celular dentro do presídio.

Fonte: Midianews