O vereador e candidato à reeleição por Cuiabá, Paulo Henrique Figueiredo (MDB) e outros quatro alvos da Operação Pubblicare, deflagrada nesta sexta-feira (20), tiveram veículos, imóveis e R$ 1 milhão de ativos financeiros bloqueados. Os agentes são investigados pelo suposto envolvimento em lavagem de dinheiro para a facção Comando Vermelho, por meio de casas noturnas na capital.
A decisão, proferida pela juiz João Francisco Campos de Almeida, do Núcleo de Inquéritos Policiais de Cuiabá (Nipo), determinou o sequestro de bens e imóveis dos seguintes suspeitos:
O vereador Paulo Henrique; José Márcio de Ambrósio Vieira, motorista e “testa de ferro” do vereador, e a irmã dele, Maria Edinalva Ambrósio Vieira; os Agentes de Regulação e Fiscalização, da Secretaria Municipal de Ordem Pública e Defesa Civil de Cuiabá (Sorp), Rodrigo Anderson de Arruda Rosa e José Maria de Assunção.
De Paulo foi determinado o sequestro de dois veículos, sendo um Jeep Renegade e um Renault Sandero, além de um imóvel no Condomínio Chácara Três Morros Iguaçu, em Cuiabá. José Ambrósio teve um veículo Chery Tiggo sequestrado, enquanto Maria Edinalva teve um Toyota Yaris sequestrado. Quanto aos agentes de regulação, o juiz determinou o sequestro de um VW Polo, em nome de Rodrigo e de um Jeep Renegade, pertencente a José Maria.
“O sequestro de bens e valores visa evitar o dano resultante da demora da ação penal, através da garantia de que, ao seu final, o prejuízo causado pelos crimes cometidos seja ressarcido, ainda que os bens já tenham sido transferidos a terceiros”, explicou o juiz que destacou ainda quando a importância da determinação “para que [os suspeitos] sejam impedidos de levantar ou distribuir os proveitos obtidos ilicitamente”.
O magistrado apontou ainda que há indícios suficientes de materialidade e autoria nos fatos, de modo que foi evidenciado a gravidade das condutas dos investigados, “indicando, pois, a necessidade da medida extrema da prisão, não havendo, a princípio, outras medidas cautelares aptas e suficientes para o caso em tablado”.
“O grupo criminoso contou com ajuda dos agentes supracitados, os quais flexibilizaram a concessão de licenças e alvarás durante a realização dos eventos, recebendo, em contrapartida, benefícios financeiros de forma direta e indireta do grupo responsável pela promoção dos shows, ou seja, G12 EVENTOS e integrantes do Comando Vermelho”, destacou o magistrado.
Operação
A Operação Pubblicare é desmembramento da Operação Ragnatela, deflagrada em junho deste ano, quando a Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (Ficco) desarticulou um grupo criminoso que teria adquirido uma casa noturna em Cuiabá pelo valor de R$ 800 mil, pagos em espécie, com o lucro auferido por meio de atividades ilícitas. A partir de então, o grupo passou a realizar shows de MCs nacionalmente conhecidos, custeados pela facção criminosa em conjunto com um grupo de promoters.
Durante as investigações também foi identificado que os criminosos contavam com o apoio de agentes públicos responsáveis pela fiscalização e concessão de licenças para a realização dos shows, sem a documentação necessária. Foi identificado que um parlamentar atuava em benefício do grupo na interlocução com os agentes públicos e recebendo, em contrapartida, benefícios financeiros.
Os investigados respondem pelos crimes de corrupção passiva e ativa, lavagem de dinheiro e organização criminosa, com os membros da facção indiciados durante a Operação Ragnatela.
Fonte: RD News