Em carta aberta divulgada nesta quarta-feira (31), o professor aposentado da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Elias Alves Andrade, 74 anos, alega estar profundamente arrependido e reconhece que seu ato foi abominável, irracional e desprezível. Ele foi flagrado por uma câmera de segurança matando uma gata com um machado no bairro Jardim Califórnia, em Cuiabá, no dia 15 de julho. A carta foi disponibilizada pelo advogado do ex-docente, Josney Evangelista.
No texto, Elias usa os termos “ato cruel, covarde, nefasto, inadmissível e desumano” para descrever tamanha crueldade que teve para com a gata, de nome Sofia, que pertencia a Izis Gonçlves, uma moradora da mesma rua que ele. Segundo a tutora de Sofia, a gatinha era o xodó da família e companhia da filha dela de 3 anos, diagnosticada com o Transtorno do Espectro Autista (TEA).
O professor aposentado escreve na carta que após ter cometido o crime foi tomado por um sentimento de “profunda tristeza” e “decepção” consigo mesmo, além de vergonha da família e da sociedade.
Após cometer o crime, Elias não foi localizado pela Delegacia Especializada do Meio Ambiente (Dema), que instaurou um inquérito para apurar o caso.
O caso gerou enorme comoção na sociedade e levou protetores de animais e adeptos à causa a protestarem em frente à casa dele.
Depois disso, ele se apresentou à polícia no dia 24 e, após ser ouvido, foi liberado.
Por fim, ainda na carta, o professor aposentado alega estar arrependido e conta que já pediu perdão para a tutora do gato, e se colocou a disposição de ajudar a família com o que for preciso.
Relembre o caso
Elias foi filmado matando uma gata com um machado no dia 15 deste mês, no bairro Jardim California, em Cuiabá. Na imagem, é possível ver o homem andando na rua e, em seguida, a gata aparece atrás de um carro aparentemente fugindo do suspeito com um machado em mãos.
Em seguida, o animal sai correndo e o homem arremessa o objeto, acertando a gata, que cai poucos metros à frente e agoniza até perder a vida. Por fim, ele pega o machado e vai embora.
A ação é tipificada como Crime de Maus Tratos acrescido do resultado de morte. A pena de reclusão, em caso de condenação, é de 2 a 5 anos.
Leia a carta aberta na íntegra abaixo:
“Minha história de vida, pessoal, familiar e profissional definitivamente não admitem que eu possa ter cometido este ato cruel, covarde, nefasto, inadmissível e desumano numa sociedade civilizada como o que cometi. Por mais que tenha sido movido pela emoção e descontrole, nada justifica o que fiz. Após os fatos, a agressão e morte da Sofia e o destempero no tratamento à tutora, que foi ao meu portão conversar em seguida, comecei a voltar aos poucos à consciência e racionalidade de meu comportamento, abominável e irracional, desprezível sob todos os pontos de vista, ético, religioso, moral, social, civilizatório e humano.
Fui tomado então por um sentimento de tristeza profunda, de decepção comigo mesmo, de vergonha de minha família, da sociedade e da minha história de vida, construída com muita luta, dificuldade, dedicação e esforço por todos estes longos anos que, apesar de temente a Deus, que me conforta através de minhas orações, têm aumentado mais e mais com o passar dos dias.
Estou profundamente arrependido por ter me portado de modo desumano contra um ser que só sabe nos dar amor e carinho em troca de nada, apenas de nossa atenção e cuidado. Rogo o perdão à família da tutora, minha vizinha, e a sua família e amigos, à minha família, que está sofrendo comigo, à sociedade, a todas as organizações sociais que vêm brava e legitimamente lutando para que fatos como o que pratiquei não mais se repitam e, por fim, a Deus, que sempre abençoou a mim a minha família”. (Repórter MT)