Primeira advogada trans é contratada pela Defensoria Pública em Chapada

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Daniella Veyga, 29 anos, primeira advogada transexual da história de Mato Grosso iniciou formalmente suas atividades nesta segunda-feira (22).

Inicialmente, Daniella vai passar por um processo de imersão no Núcleo Especializado de Defesa da Diversidade e da Igualdade Racial da Defensoria de São Paulo, que atua no combate ao racismo e outras formas de discriminação, e na defesa da igualdade racial e da diversidade.

“Ser a primeira mulher trans a integrar os quadros da Defensoria Pública de Mato Grosso é um marco histórico de imensa relevância. Este feito não apenas sublinha o meu avanço pessoal e profissional, mas também simboliza uma conquista coletiva para a comunidade trans, reforçando a vital importância da representatividade em espaços de poder e decisão”, destacou.

“A inclusão da primeira mulher trans na Defensoria Pública não é apenas um passo importante em direção à igualdade de gênero e à diversidade, mas também fortalece a capacidade da instituição de servir efetivamente todos os cidadãos, independentemente da identidade de gênero”, afirmou o defensor público Willian Felipe Camargo Zuqueti.

Para o coordenador do núcleo, a contratação é um avanço na representatividade dentro da Instituição, fundamental para que a Defensoria Pública possa compreender melhor as necessidades e desafios específicos enfrentados por pessoas trans.

“Outras atuações serão o letramento racial e LGBTQIP+, que pretendemos levar à comunidade. Além disso, desenvolveremos um projeto de tolerância zero às discriminações, através da atuação preventiva e/ou repressiva por meio de ações judiciais individuais ou coletivas”, explicou o defensor.

O Núcleo de Chapada conta também com uma assessora parda, uma ajudante geral negra e um estagiário quilombola.

De acordo com Daniella, a presença de pessoas da comunidade LGBTQIAP+ em instituições como a Defensoria Pública garante que a perspectiva e as necessidades específicas dessa população sejam consideradas e defendidas dentro do Sistema de Justiça.

“Pessoas trans e travestis enfrentam discriminação sistemática, violência e marginalização, e a inclusão dessa população em posições de influência pode contribuir para a criação de políticas mais justas e inclusivas”, sustentou.

A advogada acredita que a visibilidade de pessoas trans em órgãos públicos serve como inspiração e encorajamento para jovens LGBTQIAP+ que almejam seguir carreiras em áreas tradicionalmente marcadas pelo conservadorismo, desafiando estereótipos e preconceitos, e promovendo uma sociedade mais igualitária e acolhedora.

“Portanto, estar nos espaços da Defensoria representa um avanço significativo não apenas para a comunidade trans e LGBT+ em geral, mas para toda a sociedade, indicando um passo importante em direção à equidade, justiça, cidadania e verdadeira representatividade”, pontuou.

Daniella recebeu sua certidão da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MT) em setembro de 2022, quando se tornou a primeira advogada trans de Mato Grosso. Ela foi inclusive a oradora da turma de 42 novos advogados e advogadas.

Desde então, ela conta que sempre utilizou a advocacia para levar a justiça das leis e a justiça social a toda a população LGBTQIAP+. (HNT)