Galpão que abriga tornozelados é frequentado por alunos e elite

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Uma boca de fumo na avenida Castelo Branco, em Várzea Grande, tem tirado a paz de trabalhadores e moradores da região. Há cerca de 100 metros da Prefeitura e da Secretaria Municipal de Assistência Social, dois imóveis abandonados, que formam um galpão, servem há anos como abrigo para pessoas em situação de rua e usuários de drogas, além da venda de entorpecentes para adolescentes com uniforme escolar e pessoas que chegam em carros de luxo. “Nova direção. Tem ordem no barracão, seja mais educado. Jesus ama todos nós”, é a frase de boas-vindas aos que entram no local.

Localizado em frente ao 2º Batalhão do Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso, o problema pode passar despercebido por quem não vive por ali. Ao prestar atenção, é possível perceber que os vidros das portas e janelas estão quebrados e quem frequenta o local colocou pedaços de tecido para evitar que fosse visto o que acontece lá dentro. O barracão também tem portões de ferro totalmente enferrujados. Para entrar basta levantar um pedaço do portão e passar.

A equipe de reportagem do jornal A Gazeta esteve no local e flagrou a entrada e saída de diversas pessoas pelo portão. Acompanhada pelo subcomandante da Guarda Municipal de Várzea Grande, Alexander Gouveia Ortiz, a reportagem entrou no espaço e se deparou com um ambiente completamente insalubre. Os dois imóveis formam um espaço de pelo menos 30 metros de comprimento e 20 de largura. Parte do terreno está completamente tomado por lixo. São centenas de sacolas plásticas aglomeradas, com restos de alimento, potes e garrafas plásticas.

O mau cheiro predomina no local, que tem até mesmo “cômodos” com colchões jogados e pessoas dormindo. Apesar do lixo, o espaço tem sua “ordem”, com um espaço que se assemelha a uma cozinha, roupas penduradas no varal e uma lixeira com uma placa pedindo que o lixo seja jogado ali. Sete pessoas estavam no galpão naquele momento, sendo quatro mulheres, uma delas grávida, e três homens.

Durante a checagem da Guarda Municipal, foi constatado que alguns têm passagens criminais, até por homicídio, além de estar com a tornozeleira eletrônica desligada e outro possui uma tatuagem de palhaço, que geralmente tem relação com assassinos de policiais.

Carros de luxo são sempre vistos

Quem trabalha na avenida Castelo Branco, próximo aos imóveis que servem como boca de fumo, relatam que diariamente, e a qualquer hora, principalmente à noite, pessoas de todos os níveis sociais entram e saem do barracão. Muitos carros de luxo estacionam, uma pessoa desce do veículo e entra no imóvel, depois de alguns minutos sai e vai embora. Quem convive com a situação tem medo de denunciar e se tornar alvo de criminosos. Próximo ao galpão há muitos órgãos, como uma agência do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), e os frequentadores do galpão abordam quem passa por ali e deixam dezenas de pessoas com medo de transitar pela região.

“Eu tenho muito medo de trabalhar por aqui. Era uma sexta-feira, eu estava saindo, fui entrar no carro e estava descendo um rapaz com tornozeleira eletrônica. Eu já vi ele entrando e saindo de lá várias vezes, parece que ele estava morando ali, mas bem vestido e cuidado. Ele me abordou e disse que tinha saído da cadeia e queria dinheiro para comprar um salgado e um refrigerante. Eu disse que não tinha e ele foi me cercando para que eu não entrasse no carro”, conta uma trabalhadora da região.

Ela diz que estava apavorada e precisou mandá-lo para uma lanchonete da região e efetuar o pagamento via PIX ao estabelecimento. Só assim foi deixada sozinha.

Fonte: Gazeta Digital