Era final de tarde do dia 07 de novembro de 2016, em Cuiabá, quando o cabo PM Cláudio Roberto Morais, operador de uma das câmeras de videomonitoramento do Centro Integrado de Operações de Segurança Pública (Ciosp), localizou um veículo que havia sido roubado no dia 25 de julho no município de Pedra Preta (distante 243 km da Capital).
O carro modelo Polo de cor preta estava no estacionamento da Rodoviária Engenheiro Estácio Veiga de Sá, na capital, e foi encontrado por meio de uma câmera instalada no encontro da avenida República do Líbano com a rua Jules Rimet.
O militar pesquisava as placas dos veículos que estavam no local através do sistema de checagem do Departamento Estadual de Trânsito (Detran), quando constatou que o referido carro estava com uma queixa de roubo ou furto no sistema. “Fiz contato com o proprietário e ele me confirmou que o veículo havia sido roubado”.
Após contato com o dono do carro, o operador acionou uma guarnição da Polícia Militar que foi até o local e encaminhou o veículo para a Delegacia de Roubos e Furtos de Veículos (DERFV) de Cuiabá.
Essa é apenas uma entre as 547 ocorrências que foram capturadas em 2016 pelas 102 câmeras de videomonitoramento do Ciosp. A ferramenta opera em Cuiabá e Várzea Grande 24 horas por dia, e são os "olhos" da Segurança Pública nas ações de prevenção e repressão qualificada à criminalidade nas duas cidades.
As câmeras estão instaladas em pontos estratégicos, com grande concentração de comércios e pessoas. Os locais são escolhidos mediante estudo estatístico da criminalidade, realizado pelo setor de Inteligência da Sesp e pela equipe do Ciosp.
Em 2016, as ocorrências mais capturadas pelas câmeras do Ciosp foram de acidentes de trânsito com e sem vítima, manifestação pública, abordagem e averiguação a pessoas e veículos. O período matutino das terças e sextas-feiras é quando mais são capturadas ocorrências pelas câmeras.
Videomonitoramento
O sistema começou a operar em 2007, quando a Sesp instalou nove câmeras na região central de Cuiabá. Após dois anos, o uso da tecnologia foi expandido para outros pontos da capital e se estendeu até Várzea Grande, totalizando 63 câmeras em funcionamento.
A escolha de Cuiabá como uma das cidades-sedes dos jogos da Copa do Mundo 2014 deu à Secretaria de Segurança Pública mais uma oportunidade de ampliar o número de câmeras em Cuiabá e Várzea Grande.
Por meio de parceria com a Secretaria Extraordinária de Grandes Eventos (Sesge), do Ministério da Justiça, foram instaladas mais 30 câmeras nas duas cidades.
O sistema de videomonitoramento visa prevenir e inibir as atividades ilícitas, cooperar para a redução no índice de criminalidade e registrar imagens para posterior serviço de investigação.
A ferramenta contribui ainda para aperfeiçoar as atividades preventivas do policiamento ostensivo, agilizar as atividades repressivas durante o acontecimento de atividades ilícitas e aumentar a sensação de segurança do cidadão.
Pioneirismo
A investigadora de Polícia Civil Maria Inês Dalpiaz é uma das pioneiras no trabalho de videomonitoramento do Ciosp.
A policial já atuava no Centro Integrado como operadora de rádio e no atendimento do disque-denúncia da Polícia Judiciária Civil (197), quando recebeu o convite para trabalhar como operadora. Começou monitorando as ruas do centro de Cuiabá, primeiro local que recebeu as câmeras.
Maria Inês lembra que a ferramenta era algo novo na cidade e que qualquer movimento era motivo para se observar pelas câmeras. Hoje, a investigadora é supervisora do videomonitoramento.
Há 14 anos trabalhando com as câmeras, a policial disse que já viu muitas ocorrências, porém a que mais a marcou foi um acidente de trânsito, na avenida Fernando Corrêa, próximo ao 9º Batalhão de Engenharia da Construção (BEC), em Cuiabá.
“Na verdade, foi uma emoção geral de todos os operadores. Uma moça estava em uma motocicleta quando foi atingida por um motorista que avançou o sinal vermelho, levando-a a óbito na hora”, lembra a investigadora.
“Era uma moça de aparência jovem. Depois soubemos que ela estava com casamento marcado para dois dias após o acidente. Não conseguíamos falar de tanta emoção”, completou.
Inês ressalta que no videomonitoramento também é possível ver boas ações, como a caridade com moradores de rua. “Vemos pessoas entregando comida para moradores de rua, ajudando pessoas atravessarem a rua ou dando atenção para aquelas que possui a mobilidade reduzida. Isso são coisas que também nos comovem”, declarou.