Por Nílson Leitão
Encerrou nesse dia 6 de abril mais uma daquelas inovações da politica brasileira, a janela partidária que autoriza a mudança de partido para os mandatários de cargos eletivos, no caso desse ano, vereadores.
Os argumentos para aprovação dessa regra são vários, dentre deles, temos a possibilidade do partido, ao qual o pretendente a mudança pertence, ter mudado suas ideologias ou regras, mas na prática, não há nada de ideologia, idealismo para essa troca, na maioria das mudanças e trocas de siglas, estatisticamente, mudam para partidos que naquele momento estão no poder, ou que oferecem uma “estrutura” mais viável para reeleger, mas ainda no pacote poderá ter cargos ou favorecimentos para seus apoiadores, ou seja a janela favorece muito grupos que estão no poder.
A janela pode ser vista como oportunidade para grupos que talvez não tenham chance alguma de reeleição, ou aqueles que tem chances reais e são cooptados para engrossarem a fileira de projeto politico para 2026.
Mas a máquina do poder também, atrai esses candidatos a reeleição principalmente no legislativo, para enfraquecer o concorrente que combate a reeleição do executivo.
É claro, que em alguns casos, partidos que não estão no poder, conseguem montar uma boa chapa de novos candidatos a vereadores, e acaba atraindo aqueles que tem mandato, que enxergam nessa agremiação uma facilidade de eleição.
Mas, os partidos que estão fora do poder e que fazem oposição, geralmente terão no seu elenco nomes que ainda não assumiram cargos eletivos, os chamados novos na politica.
O fato é que dificilmente ou nunca, a mudança de partido numa janela partidária será por razões ideológicas ou por um ideal republicano, o que, mais uma vez empobrece a politica e os que praticam isso, comprovam uma real intenção: poder pelo poder, custe o que custar.
O eleitor cobra de público, uma nova politica, diferente, mas não há nova politica com velhas regras, costumes e jeitinhos, como a janela partidária, que sem duvida alguma, é uma janela de mero interesse individualista e que claro, prestigia os oportunistas, grupo esse que ama a traição.
Por fim, a reeleição no Brasil tem se confirmado como uma miséria na política com as regras existentes, propicia a corrupção e uso da máquina publica de forma exarcebada, onde uma regra como a janela partidária acaba sendo tratada como um mercadão, e alguns se colocam à venda como uma mercadoria, tendo preço e nunca valor.
A reforma partidária é necessaria e urgente. É preciso coragem para enfrentar este tema, é preciso ser muito mais brasileiro do que pseudopartidário, para levantar essa bandeira, pois ajudara a coletividade das ideias e na a individualidade de poder.
Nilson Leitão é ex-deputado federal e ex-prefeito de Sinop