Cuiabá comemora 305 anos, nesta segunda-feira (8), e você já se perguntou quem são as personalidades que dão nome às principais avenidas da capital? Miguel Sutil, Fernando Corrêa da Costa e Rubens de Mendonça fazem parte da história de Mato Grosso, entraram para a política e trouxeram inovações para o estado na época.
A cidade foi fundada oficialmente em 1719. O primeiro povoado da região surgiu no ponto onde o Rio Coxipó deságua no rio Cuiabá, conhecido como São Gonçalo.
O historiador da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Otavio Canavarros, explica que Cuiabá já era conhecida pelos bandeirantes, mas só foi desbravada após a perda da hegemonia de Minas Gerais e São Paulo, com a Guerra dos Emboabas.
“Os paulistas chegaram em Cuiabá em busca de indígenas. Eles estavam atentos à mineração, mas o que buscavam mesmo era a mão de obra indígena. Isso fez com que Pascoal Moreira Cabral, que estava no Pantanal, viesse à procura dos nativos”, disse.
Em 1718, chegou ao local, a bandeira do paulista de Sorocaba, Pascoal Moreira Cabral, que depois de uma batalha perdida para os indígenas coxiponés, passou a se dedicar ao garimpo. Um dos bandeirantes que veio junto com o desbravador, foi Miguel Sutil de Oliveira.
Miguel Sutil, o lavrador
Miguel Sutil foi um bandeirante sorocabano que veio para Cuiabá em busca de aprisionar indígenas e criar uma lavoura. Em 1722, descobriu as minas de ouro à beira do córrego da Prainha, próximo de onde é hoje a Igreja de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito.
Otavio Canavarros, explicou que o bandeirante veio com o objetivo de construiu um sítio para trabalhar com a lavoura.
“Os descobridores da mina de Rosário, na verdade são dois indígenas de Miguel Sutil. Ele se tornou importante por causa dessa descoberta. A mina tinha uma extensão que começava no Bairro Baú, passando pela a Igreja do Rosário até a Prainha. Toda essa região foi cavada em 1727 com aproximadamente 2.700 escravos trabalhando”, disse.
O historiador explicou que a mina de Miguel Sutil é considerada a maior mancha de ouro em minas do Brasil, a que possui a maior concentração e facilidade de exploração de ouro.
“A fama do Sutil vem da descoberta das minas e depois ele volta pra São Paulo e encerrando a vida sertanista e ele teria ficado dois dias explorando sozinhos com dois escravos. Quem enriquecia com as minas eram os intermediários, comerciantes”, conta.
Dr. Fernando Corrêa
Fernando Corrêa da Costa foi um médico e político brasileiro. Ele foi senador e governador de Mato Grosso por dois mandatos. Lembrado como enérgico, elegante e humanista, Fernando – ao se formar – atendia de portas abertas e cobrava apenas de quem podia pagar. A atuação na política foi herdada do pai, Pedro Celestino, que exerceu a governança de Mato Grosso por duas vezes.
Para a atual senadora por Mato Grosso do Sul e neta de Fernando Correa, Tereza Cristina, a lembrança do avô é eternizada na avenida e que lembra de passar as férias com ele e ouvir sobre o surgimento de hidrelétricas no estado.
“Quando eu nasci meu avô já era governador de Mato Grosso, então eu não me lembro dele como médico. Ele contava que ele era um ótimo médico e um péssimo político. Eu me lembro muito do meu avô preocupado com energia, em resolver o problema de energia em Mato Grosso. Achava que sem energia, o estado não podia progredir. E você ter um nome em uma rua é uma homenagem, uma referência de uma pessoa que fez algo pela cidade, pelo estado”, lembra.
Poeta, Rubens de Mendonça
Rubens de Mendonça foi um poeta, historiador e jornalista brasileiro. Filho de Estevão de Mendonça, é considerado o maior expoente da historiografia mato-grossense e publicou cerca de 38 livros.
O g1 conversou com a filha de Rubens de Mendonça, Adélia Maria Badre Mendonça de Deus. Procuradora Federal aposentada, Adélia é a única filha de Rubens de Mendonça e conta que procura preservar a memória do pai.
“Era eu que o acompanhava nas rodas de academia mato-grossense de letras, ele ia e me levava. Papai era muito brincalhão, ele não conflitava. A minha contribuição é preservar a memória dele, então sempre que posso faço pra preservar. Tenho algumas coisas para reeditar, tenho livros inéditos dele sem publicar”, conta.
Mas o que significa ‘Cuiabá’?
Há várias versões para a origem do nome Cuiabá. Uma delas é de que o nome tem origem na palavra bororo Ikuiapá que significa “lugar da Ikuia” (ikuia: flecha-arpão, flecha para pescar, feita de uma espécie de cana brava; pá: lugar), o nome designa uma localidade onde os índios bororos costumavam caçar e pescar, no córrego da Prainha (que corta a área central de Cuiabá).
Outra explicação possível é a de que Cuiabá seria uma aglutinação de Kyyaverá (que em guarani significa ‘rio de lontra brilhante’). Uma terceira hipótese conta que a origem da palavra está no fato de existirem árvores produtoras de cuia à beira do rio e que Cuiabá significaria “rio criador de vasilha”. Há ainda outras versões menos embasadas historicamente, que mais se aproximam de lenda do que de fatos.
Cuiabá, 305 anos
No dia 8 de Abril de 1719, Pascoal Moreira Cabral assinou a ata da fundação de Cuiabá, no local conhecido como Forquilha, às margens do rio Coxipó. Foi a forma encontrada para garantir os direitos pela descoberta à Capitania de São Paulo.
Em 1726, o capitão-general governador da Capitania de São Paulo, Rodrigo César de Menezes, chega na capital como representante de Portugal. Em 1727, Cuiabá é elevada à categoria de vila, com o nome de Vila Real do Senhor Bom Jesus de Cuiabá. Porém, parte da população abandonou a capital depois que as lavras de ouro foram menores que o esperado.
Um século depois de sua fundação, Cuiabá foi alçada à condição de cidade em setembro de 1818, e tornou-se a capital da então província de Mato Grosso no dia 28 de agosto de 1835, já que antes, a capital da província era Vila Bela da Santíssima Trindade.
Fonte: G1 MT